Entre as cirurgias bariátricas restritivas, o procedimento comumente chamado de gastrectomia em manga ou “sleeve gastrectomy” ou gastrectomia vertical foi inicialmente oferecido para pacientes com superobesidade como o primeiro tempo operatório, nas cirurgias de “duodenal switch” em dois tempos. Entretanto, foi observado que a perda de peso associada à gastrectomia em manga era suficiente para alguns indivíduos. A partir dessa observação, alguns cirurgiões têm utilizado a gastrectomia em manga como cirurgia única para tratamento da obesidade.
Nessa cirurgia o estômago é grampeado e seccionado longitudinalmente de maneiras a assumir a forma de um tubo ou manga, reduzindo o seu tamanho a cerca de 25% da sua capacidade inicial. A parte do estômago que não faz parte do tubo é removida e descartada, logo a cirurgia não pode ser revertida. Por remover o fundo gástrico - onde estão localizadas as células produtoras do hormônio Grelina que estimula a fome - ela também reduz a fome.
Por ser considerada operação tecnicamente mais rápida, fácil e simples, pois não necessita manipulação do intestino, nem realização de anastomose, houve um crescimento muito grande dessa cirurgia, fazendo com que ela, junto com o bypass gástrico em Y de Roux, sejam as duas técnicas mais realizadas no mundo.
É importante lembrar que a Gastrectomia Vertical é um método de ajuda na perda peso através da diminuição da fome e da limitação da quantidade de alimentos ingeridos em cada refeição. Desta forma, para obter o resultado desejado é importante que o paciente também mude seu estilo de vida e forma de alimentar-se pelo resto da vida.
Devido a ressecção gástrica extensa, com redução acentuada na quantidade de alimento ingerido nas refeições, a Gastrectomia Vertical tem um risco potencial de deficiências nutricionais pós-operatórias a longo prazo. A semelhança de outras cirurgias bariátricas, o paciente deve ingerir suplemento de vitaminas e minerais, e realizar avaliações regulares por vários anos. Essas avaliações são importantes para detectar eventuais deficiências nutricionais e evitar reganho de peso.
Embora seja uma cirurgia com boa perda de peso, estudos mostram que a perda é inferior a obtida com o bypass gástrico em Y de Roux.
Indicações:
- Pacientes com IMC ≥ 35 com doenças associadas, ou pacientes com IMC ≥ 40 sem doenças associadas.
- Pacientes onde a realização do bypass gástrico em Y de Roux seja contraindicada, tais como em pacientes com doenças inflamatórias intestinais.
- Pacientes com necessidade de uso contínuo de certos medicamentos (imunossupressores ou anti-inflamatórios).
Vantagens
- O estômago diminuído, faz com que o paciente passe a comer bem menos que antes de operar.
- A comida segue seu trânsito normal no aparelho digestivo, permitindo o organismo absorver melhor os alimentos e eventuais medicamentos, que a cirurgia do bypass gástrico em Y de Roux.
Desvantagens
- É uma cirurgia irreversível.
- Não deve ser utilizada em pacientes que tenham doença do refluxo gastroesofágico, pelo risco de agravamento do quadro.
As complicações que podem ocorrer com a Gastrectomia Vertical são: embolia pulmonar; fístulas ao nível da linha de grampeamento, que normalmente são mais graves que as fístulas do bypass gástrico em Y de Roux; torção do estômago necessitando dilatações ou uma nova cirurgia; dilatação do tubo gástrico fazendo com que o paciente volte a ingerir grandes quantidades de alimentos e ganhe peso; problemas na parede abdominal (seroma, hematoma, abscesso, hérnia incisional, deiscência de pele) mais frequentes nas cirurgias por via convencional; hemorragia; vômitos persistentes; pedra na vesícula; refluxo grave, necessitando uso constante de medicamentos ou nova cirurgia para converter a Gastrectomia Vertical em bypass gástrico em Y de Roux.